Pergunta: pelo fato de eu ter praticado a meditação do 3º olho durante anos, será que a questão luciferiana está sintonizada em mim já que a Vibração do 3º olho às vezes persiste?
Eu lhe responderei simplesmente: não se coloque esse tipo de pergunta.
Quem é Lúcifer?
Quem é o diabo?
Quem é Deus?
Obstáculos no caminho, nada mais.
Não dê crédito a todas essas crenças, mesmo elas tendo um suporte verdadeiro, neste mundo.
Você não é deste mundo.
Colocar-se esta pergunta é recair na Dualidade e no medo do bem e do mal.
Quaisquer que sejam as Vibrações, as Vibrações concernem à Consciência já que a Consciência é Vibração.
Mas não o Absoluto, que não é nem Consciência, nem Vibração.
No Absoluto, não há olhos, nem 3º olho, nem 4º olho.
Há o Centro, o Coração, o Amor e nada mais.
E nenhum obstáculo (mesmo o diabo ou Lúcifer ou outro) pode impedir de ser o que você É, desde toda Eternidade.
Só o peso das crenças e do saco de pensamentos é um obstáculo e há apenas você que pode parar de nutri-lo.
Nenhuma montanha pode parar o Amor.
Nenhum mundo pode parar o Amor.
Nenhuma força pode parar o Amor.
Eles podem simplesmente dar a ilusão de parar.
É nesta ilusão de parar o Amor que o ser humano acredita.
Mas se você for além da crença e da Vibração, isso não tem qualquer peso, qualquer consistência e qualquer Verdade.
Tranquilize-se.
Pergunta: quando a minha consciência sente ser diluída no vazio, no infinito, ela se apavora e se retrai, interrompendo assim a sua diluição. O que devo refutar para superar esse andamento?
Neste curso, nada mais há a refutar.
Há apenas que continuar a ser um observador, até o momento em que o próprio observador, que observa a retração, desaparecer, ele também.
Nesse andamento, como você o nomeia, o teste da refutação não é utilizado.
Há ainda apenas alguém que observa a cena, que tem consciência de que há um teatro, mas que vai em breve sair.
Nada há a fazer para sair, apenas permanecer aí, permanecer tranquilo, fazer ainda o jogo do observador, até o momento em que o próprio observador desaparecer, sozinho.
Nada mais fazer, nada mais ser.
Deixar Ser e deixar como está.
Essas são as palavras mestre.
Porque, a partir do momento, nesse andamento aí, em que você aceita nada mais dirigir, nada mais observar, o observador desaparece por si só, assim que você sugerir que nada há a observar.
E então, nada faça.
Esse curso é lógico.
Ele precede a Dissolução.
Nós nos conectamos a uma pergunta anterior referente ao sentimento de ser uma outra pessoa, ou mais de uma pessoa, de alguma forma, o que é ainda melhor.
Isso foi denominado, por alguns místicos, no ocidente, ‘a noite escura da alma’.
Mas há ainda um observador que constata.
Portanto, limite-se a ver o que se desenrola e aceite não mais constatá-lo, tampouco, sem refutar.
E aí, você vai se aperceber de que a Dissolução da consciência ocorre e não haverá mais retratação.
A retração é devido ao próprio observador.
Vocês sabem, é claro, na física que vocês nomeiam física quântica de ponta, que o observador modifica o que é observado.
Portanto, enquanto houver observador, há modificação.
O observador deve desaparecer por si só.
Basta simplesmente não mais se interessar por ele, nem pela retração.
E tudo isso vai desaparecer.
Mas é uma fase normal.
Porque a retração o conduz ao Centro que é o centro de todos os centros e de todas as periferias.
Somente naquele momento todas as periferias, sem qualquer limite, são reveladas.
É a perda total do sentido de alguma identidade, de alguma pessoa, de alguma história, de alguma emoção, de algum saco, de comida como de pensamentos.
Eu diria que, talvez, o mais difícil, nesse curso aí, como você o nomeou, seja aceitar nada mais fazer, nada mais ser, nada mais observar, tampouco, mas sem agir, porque, quando há uma ação, há uma tensão e esta tensão afasta do Centro.
Esqueça-se e desapareça.
E você irá desaparecer, isso é inelutável.
E isso não está inscrito em um tempo ou em um espaço, mas está inscrito na Eternidade, porque você é a Eternidade.
A retração da alma, depois do Espírito, são os últimos solavancos do indivíduo.
Observe-os e deixe desaparecer a observação, sem desejá-lo, sem decretá-lo.
Observe, de algum modo, o desaparecimento do observador.
E, aí, não haverá mais de qualquer maneira que observar: você terá estabelecido o Absoluto.
Aliás, naqueles momentos em que você fala sobre o curso final, mesmo se houver retração da alma ou do Espírito, o observador percebe claramente que se instala algo muito mais amplo do que ele próprio.
É justamente o que está por trás do observador: Você.
Pergunta: apesar da sua maneira trovejante de entoar as suas respostas às perguntas, mantendo-se a intenção e a atenção, depois de alguns minutos o sono vence e até mesmo o som da sua voz desaparece, ao ler, ao escutar somente ou combinando os dois. O melhor é deixar assim?
Inteiramente, porque quanto menos você compreender, mais você ali está.
E quanto mais você cair no sono, mais você ali está, considerando que possa ali haver algo mais.
Porque, o que quer escutar e o que quer compreender, sem entender, é o quê?
O ego ou o Si.
Se o ego ou o Si se extinguirem, ou seja, se a consciência se extinguir, o que resta?
O Absoluto.
A um dado momento (que não depende de um tempo futuro, mas, sim, do lugar onde você se coloca), bem, o Absoluto será estabelecido no que você é.
Não há então, efetivamente, nada a empreender, nada a fazer, e nada a não fazer.
Apenas, aí também, deixar desenrolar-se o que se desenrola.
Isso prova que nós atravessamos, nesta conversa, largamente, a barreira da escuta, a barreira da compreensão, para penetrar sem dificuldade no que eu chamaria de entendimento.
Esta conversa já rola entre nós.
Você aceita nada mais manter, você não o compreende, mas você vive isso.
É então a Verdade além da experiência.
Não é, portanto, a via correta ou o caminho correto, mas a atitude correta e o local certo para olhar.
É, portanto, o ponto de vista correto.
Aquele que é justo porque ele escapa ao saco de pensamentos, do mesmo modo que você escapa ao saco de alimento e à própria consciência.
Você entra no entendimento, no sentido figurado, como no próprio.
O entendimento do som do Absoluto, da Morada da Paz Suprema.
É muito exatamente isso: o que você É.
Eu diria: não se mova mais, não faça mais nada, não seja mais nada.
Então, a Transparência está aí: você não para mais nada, você não existe mais no parecer e você desaparece, totalmente.
Então, aí, emerge o que você É: Isso.
Pergunta: eu tenho a impressão de ter voltado no tempo, involuntariamente, nos velhos esquemas de ação / reação, a personalidade e o ego onipresentes. Eu tenho então a impressão de não conseguir Ser. Como sair disso?
Não existe qualquer cenário de resolução aí onde se situa o que você vive.
Você constata, como você disse, a ação / reação, o jogo do ego, o jogo da duplicidade, da Dualidade.
Você não pode se servir da alavanca situada no mesmo nível para se extrair, porque disso que você queria se extrair vai se reforçar.
Isso é inelutável.
Porque a consciência, situada nesse nível, não lhe é de qualquer serventia para sair disso, porque qualquer solução trazida ao mesmo nível será apenas efêmera e transitória.
Porque tudo isso pertence ao mundo da ilusão.
Você ainda acredita ser uma pessoa que está lutando.
Você ainda acredita estar em um mundo que existe.
O seu ponto de vista está inserido na realidade que você vive, que não é a Verdade.
Esta realidade não pode ser de qualquer ajuda, ela é útil para agir na ação / reação.
Se você quebrar um braço, você pode fazer todas as orações do mundo, ele permanecerá quebrado: é preciso engessá-lo.
Isso não pode funcionar assim para sair do jogo do ego e da personalidade.
Você nada pode engessar, naquele nível.
Isso seria apenas uma correção passageira.
A solução está em outros lugares.
Não a remeta no mesmo tempo da ilusão, da ação / reação, mais saia deste espaço confinante da personalidade.
Aí também, há uma falha de ponto de vista, importante, que não é mais narcisismo, mas uma conveniência.
Uma conveniência para o efêmero, uma conveniência para o ego que quer resolver um problema quando ele não tem qualquer meio para isso.
É preciso então aceitar não querer resolver o que quer que seja, mas sair desta linearidade.
Coloque-se em outros lugares.
Não simplesmente mudando de ponto de vista, mas aceitando que você não é tudo o que representa.
Você ainda está no palco do teatro, querendo isso e querendo aquilo.
Você quer colocar um gesso.
Mude de ponto de vista.
Eleve-se.
Eu sequer lhe falo de Abandonar o Si, mas de se Abandonar à Luz.
Você é mais inteligente do que a Luz, você é?
Será que o seu ego é superior à Luz?
Será que o seu ego acredita que ele é o mestre da sua vida?
Se sim, então continue a sofrer, se não, eleve-se.
Não deixe o ego comandar.
Deixe a Luz entrar.
É isso, o Abandono à Luz, que irá permitir-lhe ir para o Si, antes de realizar o Abandono do Si.
Mas se você for corajoso, seja diretamente o que você É: esqueça tudo isso, não dê peso, veja o que o incomoda.
Eu não disse, assim, que é preciso fugir do que o incomoda, mas se eleve, torne-se mais leve, aí também.
Não fique atolado na oposição e na contradição, na ação / reação, porque toda ação provoca uma reação, e toda reação provoca outra ação.
E isso jamais tem fim, ao contrário da trapaça espiritual que quer fazê-los crer que o carma irá resolver o que quer que seja.
Não há carma.
O carma refere-se apenas à pessoa, não ao Si, e menos ainda ao Absoluto, se eu puder me exprimir assim.
Portanto, você se submete, você mesmo, à ação / reação, reagindo.
E quanto mais você reage, mais há outras ações aparecendo e mais isso o acorrenta, ao passo que você está buscando a Liberdade.
É então questão de sair da ação / reação.
Coloque-se sob a ação da Graça, ou seja, deixe a Luz fazer.
Deixe a Luz se ocupar de tudo.
Enquanto, você, você quiser se ocupar de alguma coisa, isso irá fracassar, é inelutável.
Em quem você confia?
No seu ego ou na Luz?
Onde você coloca o seu interesse: no ego ou na Luz?
É sua responsabilidade.
Você não pode manter a ação / reação e pedir para que a ação / reação cesse.
Seja lógico.
Eleve-se acima da ação / reação e você irá constatar, por si mesmo, que a reação não é mais sua, assim como a ação não é mais sua.
E que, realmente, naquele momento, é a Luz que age e não mais você.
Não é questão, tampouco, de pedir para a Luz agir, porque isso é ainda o ego que quer colocar a Luz aonde ele quer, mas não aí onde é preciso.
Como você pode saber o que é preciso, já que, irremediavelmente, você se mantém na ação / reação permanente e incessante?
Não há qualquer satisfação e qualquer apaziguamento aí dentro.
Isso está muito além da noção de confiança.
É realmente o Abandono.
É preciso que você se doe, você mesmo, à Luz.
E a Luz irá se doar a você.
Mas você não pode pedir à Luz o que você quer, porque o que você quer não é o que quer a Luz.
Você não tem qualquer meio de saber se há uma adequação entre os dois e, na maioria das vezes, há uma total inadequação.
Porque o que pede o ser humano é sempre formulado a partir do ego, e todo pedido formulado a partir do ego apenas faz reforçar o ego, a pessoa, a ação / reação.
Quando você se Abandona à Luz, você nada tem a pedir para ela.
Isso irá extraí-lo do palco do teatro e você irá se instalar confortavelmente na poltrona que assiste ao teatro.
Isso é uma etapa.
É preciso tornar-se consciente do fato de que pedir está sistematicamente inscrito na ordem da personalidade.
Por outro lado, pedir à Luz, é suficiente.
Não é conveniente pedir à Luz para fazer isso ou aquilo.
Vocês acreditam que ela tem necessidade dos seus conselhos, dos seus argumentos, dos seus limites, ou das suas crenças?
Vocês são Luz.
Mas se houver demanda de Luz (outra senão a demanda de Luz, sem adjetivo por trás), bem, é o ego que se expressa.
E a Luz jamais responde ao ego, contrariamente ao que vocês creem ou contrariamente ao que quiseram fazê-los crer as religiões.
Entregar-se à Luz é demitir-se do ego: é um ou outro.
Em caso algum isso pode ser os dois.
É disso que é preciso apreender-se.
Lembrem-se: o mundo não existe.
Tudo o que se projeta na tela da sua consciência (o mundo, o inimigo, assim como o amor) é apenas o reflexo do seu ser Interior, o reflexo dos seus próprios desejos inscritos na personalidade.
Se não houver mais personalidade agindo, não há mais desejo e a Luz trabalha.
E você se torna o que você É: Luz.
Nada pode atingi-los.
Somente o ego é atingido e ele o será todo o tempo, porque o ego é construído no medo e na falta.
O que você É não é o ego, nem o medo, nem a falta, mas é Amor, Luz e Absoluto.
Não existe qualquer solução para o sofrimento, na ilusão.
Não existe qualquer solução para o sofrimento, na personalidade.
O Si vai representar um sucedâneo de Paz, pondo fim ao sofrimento ou, em todo caso, à percepção da sua ilusão.
O Absoluto põe fim à própria percepção do sofrimento.
Eu poderia dizer de outra forma que, no Absoluto, mesmo se houver sofrimento do saco de comida, o sofrimento não faz mais sofrer.
E esse é o objetivo.
Enquanto houver ego, há atração para o sofrimento.
Enquanto houver o Si, há curativo.
Mas chega um momento, um espaço, em que tudo isso não pode mais atuar, em que tudo isso se extingue, porque isso não é mais alimentado nem pelo ego, nem pelo mundo, nem pela ação / reação.
Todos vocês sabem que, quando um sofrimento é extremo (seja uma perda, uma dor, ou qualquer evento extremamente traumatizante para o ego), o que acontece, na maioria dos casos?
Há um sentimento de irrealidade, uma saída do espaço-tempo linear: tudo parece se desenrolar em marcha lenta porque a consciência não está mais no ego, mas ela se extrai, de maneira temporária, do ego, e até mesmo do Si.
É, aí também, um outro vislumbre do Absoluto.
Essas experiências foram descritas por toda parte.
Se você realizar isso, você irá constatar que toda a sua vida, nesta ilusão, não poderá ser afetada pelo menor sofrimento.
Mas para isso, é preciso soltar, é preciso aceitar soltar.
Quem é o mestre a bordo?
E a bordo de quê?
Pergunta: será que viver a Onda do Éter é viver a Luz Vibral e a Onda da Vida, ao mesmo tempo?
Viver a Luz Vibral e a Onda da Vida, ao mesmo tempo, é o Absoluto, que resulta na não Vibração, na não consciência, na Morada da Paz Suprema.
É o momento em que não há mais pensamento, emoção, aflição, nem mesmo Alegria, mas um estado de tranquilidade total, sem mesmo ter necessidade de deixar esse saco de comida ou esse saco de pensamento.
Porque há uma desidentificação total, real e completa, desse saco de comida e desse saco de pensamentos.
É isso o Absoluto.
Pergunta: a vida me mostra, atualmente, de maneira física, que as comportas estão fechadas, que há uma dificuldade de pôr para funcionar, ao passo que a Fluidez sempre esteve presente anteriormente. Eu não chego a apreender a profundeza.
A Fluidez da Unidade é o reflexo e a manifestação do estabelecimento do Si.
Quando as comportas estão fechadas, quando a Vibração se faz mais discreta ou ausente, quando a Fluidez desaparece, sem, no entanto, ser substituída por resistências, mas simplesmente, como você disse isso, pela parada das comportas que estão fechadas: um fluxo, que estava aí, não está mais aí, é um sinal muito bom.
É a retração da alma e do Espírito, que conduz ao Absoluto.
Há apenas que abandonar, totalmente, o Si.
O que irá permitir compreender que o que você nomeia sua vida, é apenas uma ilusão.
É parando de nutrir a ilusão, mesmo pela suspensão da Fluidez da Unidade, que chega a Morada da Paz Suprema.
Considerando que eu possa empregar a palavra chegar, porque não há continuidade.
O que você vive, como em uma pergunta anterior, é exatamente a mesma coisa: você mantém um bom curso.
Se você se Abandonar totalmente a isso, o Absoluto está aí e você É Isso.
Não se interrogue mais sobre o sentido do que você vive, do que vive a sua vida, mas se interrogue sobre a Essência do que acontece.
Você sai do Si no não Si que, ele, não se opõe ao Si.
E acontece o Absoluto.
Não procure restabelecer o que quer que seja do passado, mas se instale, de maneira mais lúcida, no que o que você denomina sua vida, dê-se a experimentar.
É a prova de que o Absoluto está aí.
O Absoluto apenas pode existir no Abandono do Si.
É muito exatamente o papel que você desempenha: observar e testemunhar sobre isso.
Nada procure restabelecer, mas, muito mais, estabelecer-se no que É, desde toda Eternidade.
A partir deste momento, você não se colocará mais a questão da Fluidez, porque isso será evidente.
Tudo não será mais simplesmente Fluido e fácil, mas você estará bem fora de tudo isso, deixando então a vida desenrolar-se, sem ali interferir, no que você É.
Dessa maneira morre o ilusório, dessa maneira morre o efêmero, antes da sua hora, deixando o lugar para o espaço do Absoluto.
Vocês são cada vez mais numerosos (e vocês o serão cada vez mais) a ser, de algum modo, confrontados com isso.
Coisa à qual o ego vai querer concerni-los, fazendo-os crer que isso é absurdo.
Não o escutem.
Se, para ele, é absurdo, isso é bom.
Pergunta: por que eu tenho a impressão de estar aguardando, como se me faltasse algo para passar, para bascular, no Desconhecido, no Absoluto?
Eu chamo a sua atenção para o fato de que esta pergunta é um contrassenso.
Porque, se você tiver a impressão de que falta algo para bascular no Desconhecido e no Absoluto, nenhum elemento do que lhe é conhecido (ou cognoscível) pode permitir-lhe ir para o Absoluto.
E nada pode faltar ao Absoluto, nem ao limitado.
Existe, simplesmente (e isso de maneira geral, que não é específico de você), o que foi nomeado (nas perguntas anteriores): a Última Retração, seja da alma, seja do Espírito, que recusam render as armas e capitular.
Deste modo, você não tem que procurar o que falta porque nada falta.
Você não tem que experimentar uma impressão de espera (porque a espera o coloca no tempo ou na busca), mas aceitar que isso seja assim, isto é: ser, cada vez mais, o observador disso, sem se colocar questões, sem nada refutar (aí onde você está) e aguardar, pacientemente (sem nada esperar porque irá desaparecer por si só), que o observador se dissolva.
Portanto, não se coloque a pergunta do porque, nem do que quer que seja que poderia faltar, mas, simplesmente, deixe desenrolar-se esta espera.
Mas você não é esse que espera.
Você é o que observa.
Isso é profundamente diferente.
A partir deste momento, o contrassenso poderá desaparecer por si só.
Porque você não irá buscar um sentido ou uma resposta, mas, sim, você irá constatar, por si mesmo, o que se desenrola.
E o que se desenrola não pede, nem questão, nem interrogação, mas, simplesmente, uma lucidez, aí também.
Observar, ir além, aceitar superar aquele que experimenta e que observa.
É, já, de algum modo, ir levantar, sem procurá-lo, o que está por trás de tudo o que se joga.
Se você aceitar isso (permanecer tranquilo, nada procurar: nem resposta, nem falta), então, tudo vai chegar.
Não há sequer que mudar de ponto de vista.
Há apenas que observar esse ponto de vista e deixar como está.
Aí também, nós conectamos esse último curso do Abandono do Si.
O Abandono do Si (como o Abandono à Luz) não é uma ação da vontade, nem uma decisão do ego, mas sim, o que eu chamaria de capitulação do ego e de capitulação do Si onde nenhuma ação é necessária, onde nenhuma decisão é indispensável.
Simplesmente, observar o que irá pôr fim, seguramente (daí onde você está), ao próprio observador.
Você irá constatar, aliás, que, assim que o porquê cessar, assim que a espera cessar, tudo está aí.
Isso acontece, sempre, dessa maneira.
Foi dito (por alguns Anciãos) que a espera e a esperança não eram a mesma coisa.
Eu lhes digo, quanto a mim, que a espera e a esperança devem cessar, agora, tanto uma como a outra.
Porque não há mais tempo, em todos os sentidos do termo.
O Tempo está consumado, os Tempos terminaram, portanto, vocês saem do tempo para entrar no Espaço.
E não busquem, tampouco, embarcações.
São vocês a Embarcação.
Mesmo se, é claro, existem circunstâncias específicas e particulares em que o que vocês denominam embarcações exógenas devendo intervir, mas isso não lhes diz respeito.
Ocupem-se da sua Embarcação.
Porque vocês São uma Embarcação.
É isso que acontece.
Pergunta: originalmente, mais mental do que no corpo, às vezes, o desejo sexual me leva. Então, com a minha escolha do Absoluto e tudo isso, eu estou confuso.
Você não pode desejar o Absoluto já que você o É.
Lembre-se: o Absoluto contém tudo, mesmo a ilusão.
Por que você quer excluir o que quer que seja do Absoluto?
Você apresenta as coisas como se fosse um ou outro.
Quem disse isso, senão a sua própria cabeça?
Em nome de quê?
Deixe esse corpo viver o que ele tem a viver ou então, corte o que excede.
Mas isso não fará desaparecer o que quer que seja.
É você mesmo que se corta de si próprio, colocando uma oposição aí onde não existe, uma contradição aí onde não existe.
O que vive esse corpo, o que vive esse mental, não se refere ao que você É.
Seja o que você É, além do Si e, depois, você irá olhar o que acontece, nesse corpo como nesse mental.
Mas não faça o inverso: isso é colocar a carroça na frente dos bois.
Você não pode se preocupar com o Absoluto.
Isso não é uma busca.
Isso não é uma Realização.
Isso é uma Liberação.
Mas colocar a questão da liberação traz de volta o que você acreditava ter liberado.
Mas quem disse que é preciso estar liberado desse corpo para viver a Liberação?
Você não é esse corpo.
Você não é, tampouco, o que excede.
Não há qualquer conflito (ou qualquer contradição) senão em você.
Será que o Absoluto me impediu de ter filhos?
Nós não estamos em uma religião castradora.
Faça o que a vida lhe pede.
Esse corpo lhe pede coisas.
Esse mental lhe pede coisas.
Você é isso?
Você se identifica a isso?
Enquanto você der peso a uma contradição, enquanto você atribuir, ao desejo, virtudes opostas ao Absoluto, você mantém, você mesmo, a sua própria Dualidade.
Deixe o Absoluto ser o que você É, e eu diria: o resto irá se seguir.
Coloque os bois e a carroça irá se seguir.
No outro sentido, isso não funciona.
Não há Passagem do ego (ou do Si) ao Absoluto.
Por outro lado, assim que o Absoluto for o que você É, as Passagens se fazem sem interrupção e sem descontinuidade.
Mas não coloque a carroça na frente dos bois: deixe a ordem das coisas se estabelecer sozinha.
Senão, você pode criar não importa qual crença: que se você usar bigode, você não pode ser Absoluto, porque não.
Mas isso permanece no domínio das crenças.
Não há qualquer verdade, por trás disso, mesmo relativa.
São apenas suposições.
Deixe estabelecer o que você É (Absoluto) e o resto você verá por si mesmo (mas não do ponto de vista do ego ou do Si).
Porque não é preciso confundir o desejo e a necessidade, o desejo e a falta.
A expressão de um desejo do corpo, de um desejo do mental, é o Absoluto.
Isso não é contraditório (nem oposto), mas há uma ordem: a carroça ou os bois.
Mude, aí também, de posição.
Não emita julgamento.
Não emita suposição.
Porque o ego vai lhe propor obstáculos.
Para você, isso pode ser o que você chama de desejo sexual e, aliás, ele chega a fazê-lo crer que porque há um desejo, o Absoluto não pode estar presente (o que é, evidentemente, absolutamente falso).
Você se deixa cair na armadilha do seu próprio ego que o submete a uma equação com uma impossibilidade.
Seja Absoluto e, depois, você verá o que acontece.
Isso não terá qualquer espécie de importância.
Pergunta: desde a minha infância, eu experimentei vários lutos de pessoas pelas quais eu tinha muita afeição e eu não senti qualquer emoção. Isso era tranquilo em mim. Há três semanas, a minha irmã mais velha me disse que ela tinha um câncer muito grave e, quatro dias depois, aconteceu um outro grande problema. Desde então, eu sinto, quase que permanentemente, sentimentos de tristeza, desamparo, medo, traição. Eu não sou absolutamente chegado a refutar. Como se tudo que eu acreditava integrado tivesse desaparecido. Você pode me ajudar nesta etapa?
A vida do ego vai lhe apresentar várias vezes o mesmo prato.
E os pratos serão cada vez mais difíceis de digerir.
O que acreditava ter superado, um belo dia, não está mais superado.
Isso é a visão do ego, na linearidade do ego.
No que isso implica?
Em não mais se colocar no ego.
Porque, aí, o que se manifesta (como você o disse), é a culpa, a síndrome do salvador que não pode salvar, que se encontra de pés e mãos atados.
Porque vive uma injustiça e, portanto, uma tristeza.
Não é unicamente a perda que é considerada, mas, sim, isso.
Isso significa que havia, bem escondido, no Si, restos do ego típico de responsabilidade, típico de salvador.
O Absoluto não tem o que fazer disso.
O que você chama de experiências, em meio ao Si, é, de fato, uma escadaria (ou uma avenida) que lhe foi aberta para você se desembaraçar de tudo isso.
Lembre-se: é sempre uma questão de ponto de vista, mesmo sem falar do Absoluto.
O que você poderia denominar uma perda, em um primeiro momento, descobre-se (em um outro momento) um ganho inestimável, em outro nível.
O que a lagarta chama de morte, a borboleta chama de nascimento.
Qual ponto de vista você adota: aquele do ego (que o lembra sobre a ordem), aquele do Si?
Ou você decide deixar os dois, além de toda noção de aflição ou de paz?
Porque a Morada da Paz Suprema não é a tranquilidade do Si.
É isso que vem lembrar a você o que você denomina sua vida.
Isso o leva a esclarecer e a iluminar algumas ligações, alguns apegos, na noção de família.
Porque o que a sua irmã (ou você) chama de morte, o seu Absoluto chama de Liberdade.
Aí também, onde você se coloca: você está contente por esta alma e este Espírito que encontram o Absoluto muito em breve, ou você sofre por uma perda ou uma responsabilidade, uma culpa?
A questão está somente aí.
É a isso que o submete a sua vida, o seu ego que estava escondido na sombra do Si.
Relevar um desafio não é tornar-se potente em relação a um acontecimento, não é negá-lo, mas integrá-lo.
Porque todo acontecimento da vida (que você possa me descrever, qualquer que seja) pertence apenas à ilusão.
Portanto, você se recoloca, por si mesmo, na ilusão, mostrando a você, dessa maneira, ao que você está apegado.
Você não pode estar apegado e Liberado.
É um ou outro.
E esses acontecimentos colocam-no frente a isso.
Você permanece apegado ou não?
Vá além dos acontecimentos, além dos afetos, além dos choques.
Coloque-se a questão da significação, profunda e real.
Você está apegado?
Ou você está Liberado?
É um ou outro.
O ego irá escolher, sempre, o apego, a culpa.
O Absoluto é Liberdade.
Cabe a você ver.
Pedir ajuda mostra, também, a culpa.
Como eu poderia fornecer ajuda ao que não existe: a sua pessoa?
Qual peso você dá à sua pessoa, aos seus apegos?
É preciso desconectar, na totalidade, todos os circuitos, mesmo o mais considerável.
É um ou outro.
E, mais do que nunca (para você como para todos), isso poderá ser cada vez menos um ou outro.
Os Tempos terminaram.
A hora do Espaço chegou.
O Absoluto está aí.
É isso o que vocês São: de todo tempo, de todo espaço e de toda Eternidade.
Então, é um ou outro.
Vocês não podem levar seus desgostos.
Vocês não podem levar seus apegos.
Vocês não podem levar seus sofrimentos.
Vocês não podem levar o que excede.
Será que vocês compreendem?
Pergunta: desde muitos anos, eu leio e medito a fim de viver
outra coisa que a minha consciência ordinária, a fim de viver o Amor. Eu
não ultrapassei a etapa da Vibração. De um
lado, tudo vai bem, pois eu não tenho nenhum temor pelo meu futuro. De
outro lado, ser um Liberado Vivente, eventualmente, seria uma coisa
extraordinária. Quais são, em mim, os bloqueios ou atitude a ser?
Bem, é muito simples: pare de ler e pare de meditar. Estes tornaram-se, agora, os teus maiores obstáculos. Porque, através da leitura e através da meditação, no teu caso, há uma vontade. Enquanto existe a menor vontade de ser um Liberado, tu não serás Liberado porque tu já o és. Então tu não podes querer alguma coisa que tu já és. Tu queres viver o Amor, mas tu já és o Amor. Então tu colocas, tu mesmo, uma distância com o que tu És. Há momentos em que temos de aceitar que houve muito tempo passado para ler, meditar, rezar, para ter exercícios espirituais. Se nada se produz, depois de tanto tempo, coloque-se a questão da utilidade.
Hoje,
neste mundo, vocês têm seres que realizam o que São e que são Liberados Viventes,
instantaneamente, sem nunca se terem feito a pergunta de uma meditação ou de
uma leitura. Por quê? Porque eles estão instalados na
Transparência. Eles não pararam
nada. Eles aceitaram desaparecer. Ora, tu, tu não queres desaparecer: tu
queres aparecer. Apreendeste toda
a diferença? Tu exprimes uma
busca. Tu exprimes uma pesquisa. Tu exprimes uma falta de perfeição. Então, tu exprimes uma dúvida sobre o
que tu És. E, como esta dúvida
está presente, o ego assume o controle. Para
tudo e estabelece-te, e isso será possível porque nesse momento, toda vontade desaparecerá. Claro que eu não diria isso que para
quem nunca procurou porque não está suficientemente aquecido para buscar em um
canto, em algo que não tem um canto. Mas
tu, tu tens suficientemente buscado. Portanto,
é muito simples: resta apenas fazê-lo aceitar em teu ego.
Se a Vibração
está aí, não há mais nada mais a fazer: vive a Vibração, vive o Som, vive a Respiração. Ajuda-te, se tu quiseres, do que te
oferece o teu saco de comida e é isso. Deixa
o saco de pensamentos tranquilo: encontram-se (no interior) os desejos, as necessidades,
as faltas, a espiritualidade (que é, como eu já o disse, o maior dos golpes: tu
já és espiritual). O problema não
é o espiritual, a encontrar ou a procurar é a opacidade do material. Se tu deixas tranquila a opacidade do
material, ele se tornará Transparente. Por
contras, se tu o perturbas, ele se tornará cada vez mais opaco e pesado.
Aceita
em renunciar a tudo o que tu tens adquirido. Restitui
tudo. Eu não estou falando do que
tu tens nos teus bolsos, é claro: eu quero dizer tudo que tu adquiriste através
de tuas leituras e tua meditação. Ou,
se tu preferes, torna-te novamente uma criança virgem de todo conhecimento. O conhecimento é senão ignorância. O conhecimento é um afastamento da Verdade.
Isto lhes foi explicado durante muitos anos, quer pelos Arcanjos, pelos Anciãos. Todo o conhecimento é uma ilusão.
Ele
lhes dá a sensação de possuir, mas são vocês que são possuídos. O conhecimento vos possui e ele vos
rouba do Absoluto. O único e verdadeiro
Conhecimento é o Absoluto: ele te faz um Liberado Vivente. Tu podes, absolutamente, ler tudo sobre
o Amor e viver todas as meditações as mais completas, em que isso te faz
evoluir agora? Em mais nada. Porque
todas as medidas necessárias foram tomadas. Resta-te
apenas abandonar tudo isso. Porque
nada disso te pertence e nada disso é a Verdade. Concorda em ser nu. Aceita tua ignorância do Absoluto e tu
viverás o Absoluto. Isto é o que tu
És.
Pergunta: cada vez mais, sinto-me em Comunhão com a natureza. No
entanto, pensamentos dispersantes e atitudes de sedução permanecem, o que me afasta
disso. Nesses momentos, eu me volto ao meu centro. O que
mais devo fazer?
O que
existe depois da Comunhão? Isto lhes
foi explicado (não por mim): a Fusão e a Dissolução. Tu te aprazes na Comunhão (que é uma
forma de sedução) e tu manténs a sedução, porque há um prazer, e depois, um
outo prazer surge, outro desejo surge. Porque
é preciso ir além da Comunhão, além do prazer. Para isso, é preciso Fusionar. Para isso, é preciso deixar-se
Dissolver, pela natureza, pelo Duplo, pelo CRISTO, pelo que tu quiseres. Tu estás pronto? Não
há bloqueios, exceto tu, mesmo.
A
Comunhão, com quem quer que seja, é uma aproximação do Êxtase. Mas não é o Êxtase. Não é a Beatitude. Não é a Morada da Paz Suprema. A prova: tu sais. Está subentendida (pelo
que tu vives e pelo que se manifesta) quer tu não ouses ir além da Comunhão. Tu não te Abandonas. Tu queres continuar a controlar e a
dirigir: aí está o obstáculo.
Que te
propõe a natureza não é somente uma Comunhão, tal como o Duplo, tal como o Sol,
tal como o que vocês nomeiam MARIA, ou CRISTO, ou outros. É preciso ir em direção a isso. És tu quem decide. Não procures
pretexto ou álibis no que não seria resolvido. É apenas a tua consciência que ainda
não decidiu aniquilar-se (esquecer-se, mesmo), pela sede de experiências e de
experimentações.
Mas tu
estás livre: não concebas nenhuma culpabilidade aí dentro. Mas tu não podes desejar uma coisa e
ficar com outra coisa. Como para uma
das perguntas acima: vê, claramente. Não
procures algo que estaria escondido ou que te impediria de. Mas é simplesmente a tua aptidão para
a Comunhão com a natureza, que foi uma etapa importante, e que hoje é um
obstáculo. Vai mais longe. Ousa.
Não
há outra coisa além do Si, mesmo, e o Absoluto. Se este mundo é ilusão, tudo o que ele
vos apresenta é ilusão, mesmo se existe, em seu sentido, elementos (como a
natureza, um Duplo, um ser espiritual) com o qual vocês têm que ultrapassar a
Comunhão e a Fusão, a fim de viver (ou preparar) a Dissolução ou a Deslocalização
ou a Multilocalização, ou seja, reencontrar a Liberdade. A Comunhão não é totalmente, a
Liberdade. Ela é uma condução
para a Liberdade, mas ela não realiza, jamais, a Liberdade. Ela é uma preparação. É-lhes preciso apoiar-se nela, se vocês
precisarem dela, mas não se fixem nela.
Pergunta: eu aspiro ao Absoluto vivendo o Abandono do Si, que eu
reconheço, desde pouco tempo, efêmero. Mas
não se pode abandonar o Si, sem estar previamente estabelecido. Você
pode especificar o que permite o estabelecimento revelado no Si, pois não se
pode Abandonar um estado de ser no qual não se esteja ainda instalado em
permanência?
Sejamos claros: o Absoluto não pode ser uma aspiração. O Absoluto não pode ser, de nenhuma forma, uma finalidade. É um Último. Não é um estado que resulta de outro estado. Simplesmente, para aqueles que realizaram o Si, é necessário Abandonar o Si, Realizar o "eu sou", para finalmente descobrir o não-Ser. Mas isto não é uma lógica sucessiva. É bem possível, e este foi o caso para muitos Irmãos e Irmãs, em todos os tempos, de passar diretamente do eu ao Absoluto. Esta passagem não é um. É simplesmente a ruptura do eu, por uma circunstância particular (traumática ou não) que permite a Liberação.
Querer
aspirar ao Absoluto não é uma técnica, não se pode aspirar a Ser Absoluto. Isto não pode ser nem um pedido nem uma
vontade, nem um resultado. Temos, por mim e por outros Anciãos, que lhes têm
falado, insistido sobre o princípio da Refutação. Em que seria necessário que um estado fosse
terminado para abrir caminho para outro estado (que não é, na verdade, um
estado)? Não há lógica sucessiva. Há verdade relativa, construída, e desconstruída
em seguida: o aspecto de camadas de cebola. Mas
vocês podem muito bem passar sem as camadas da cebola, para descobrir que não
há nada: nem camadas, nem cebola. Não
faças do Absoluto um princípio de Realização, o que ele não é.
Há
senão, desde o instante em que o que lhes é conhecido, é refutado, que o Desconhecido
estabeleceu-se. Isso não quer
dizer, no entanto, que vocês deveriam percorrer o conjunto do conhecido, ou
descobrir, neste conhecido, o que ainda não lhes é conhecido: isso seria
interminável. Sua consciência (quer
ela seja do eu ou do Si) deve dirigir-se ao que cai no sentido, e o que é
evidente em suas próprias manifestações da consciência, ou seja, o que já está
construído. Não procurem agora, acrescentar
outras construções. Caso
contrário, vocês vão pensar, como tu o fazes, que é preciso conseguir alguma
coisa, para ir a outro lugar, o que nunca foi dito.
Seja
qual for o estágio de consciência, e o estado da tua consciência, fragmentária
ou Unificada, não faz qualquer diferença. Eu
diria mesmo que, quanto mais o tempo desta Terra transcorre, mais será fácil
para aquele que não tem nenhum caminho espiritual, nenhuma investigação
(espiritual ou de sentido), para viver o Absoluto, mais do que para aquele que
construiu um Si sólido. Porque o
Absoluto é o Abandono do Si, como o Abandono do eu.
Isso está
bem além do Abandono à Luz, tendo permitido realizar o Si, para aqueles que o
realizaram. A Liberação não tem o
que fazer de estados anteriores. No
exemplo que eu tomei (um dos exemplos que eu tomei), há uma escada cujos
degraus aparecem como e quando. Então
vocês acreditam subir uma escada para ir a algum lugar, mas vocês não vão a
nenhuma parte. Eu insisti,
longamente, sobre esta noção de olhar e de ponto de vista.
Este
ponto de vista e este olhar não têm nada a ver com os olhos: é uma iluminação
da própria Consciência, uma iluminação do observador. Em que um observador teria necessidade
de adentrar uma casa, para compreender que esta casa não serve para nada?
Jamais foi dito que havia uma sucessão de estados permitindo terminar, de
alguma forma, no Absoluto. O Absoluto
não é uma finalidade: é a Verdade Absoluta. Se
isso não lhes convém, permaneçam no Si.
Eu
nunca apresentei Absoluto como uma finalidade. Se vocês fazem dele uma finalidade,
vocês o tornam uma aspiração ou uma busca. Contentem-se,
então em deixar a Onda da Vida percorrer-vos, sem nada buscar, sem nada esperar,
sem nada pedir. Porque se há
espera, se há pedido, se há busca, isso não pode ter sucesso. Só o que eu chamei a refutação pode
levar ao Absoluto, mas este não é o fim. Somente
quando vocês tiverem eliminado camadas ilusórias a as ilusões que lhes são
perceptíveis, que o Absoluto é revelado. Ele
sempre esteve aí.
Entendam
bem que é a sua visão e o seu ponto de vista que é responsável, quanto ao seu afastamento:
o Absoluto nunca se mexeu, ele sempre esteve no centro. Vocês é que saíram do centro. Vocês não são nem responsáveis nem
culpados: não há nem responsável nem culpado. Há
apenas um olhar diferente. Há
apenas que reconhecer a sua ignorância. Há
apenas que refutar o que é efêmero e o que lhes é perceptível. A primeira das coisas que lhes é
perceptível não está no fim do mundo: é o seu corpo. A segunda coisa que lhes é perceptível:
é o seu mental. O terceiro
elemento que vos é perceptível: são os seus apegos. Vocês já têm o trabalho, que não é um trabalho,
mas uma investigação. Conduzam a
investigação sobre o que lhes é perceptível. Não
lhes é pedido um discurso de teologia para saber se o CRISTO foi crucificado em
tal lugar, ou em tal outro lugar: isso não os levará a estritamente nada, a não
ser nutrir o mental, nutrir as crenças, nutrir as ideias. Vocês não são uma crença, vocês não são
uma ideia, qualquer que seja.
Não
há, portanto aspiração possível ao Absoluto. Concebê-lo
assim, é não afastar-se ainda mais. O
Absoluto nunca será um estado. Lembrem-se:
não há passagem possível a partir de um ponto de apoio conhecido para o Desconhecido. Todos os pontos conhecidos não são
passagens, mas obstáculos e resistências. Vocês não têm que lutar contra. Vocês têm apenas que ver e reconhecer essas resistências e
esses obstáculos, não para compreender seu sentido ou a origem, mas o sentido primeiro,
isto é: elementos limitantes e alterantes do que vocês São, em Verdade.
É
desse ponto de vista aí (por assim dizer) que lhes é preciso (por assim dizer) partir,
ou dar a partida, o que não pode ser, em nenhum caso uma busca, mas sim, como
eu o nomeei, uma investigação. Esta
investigação não é um jogo mental, mas é um jogo Divino, que vai permitir siderar,
ou fazer racharem-se, as bases de funcionamento da personalidade e do Si. Aí está o único objetivo. Todo o resto (aspiração, desejo) seria
apenas projeção.
O
Absoluto não pode, em nenhum caso, ser uma projeção, um objetivo ou uma meta. É neste sentido que eu o nomeei o
Último. Mas este Último não é a consequência
do que vem antes, visto que este Último contém todo o resto. É um conjunto, contendo um
subconjunto, uma multiplicidade de subconjuntos. Nenhum dos subconjuntos conhecidos conduz
ao conjunto, é impossível. O
conhecimento das partes nunca lhes dará o Conhecimento do global e da
Totalidade. Isso não funciona segundo
um princípio aritmético.
Pergunta: o que me impede de perceber o Canal Mariano?
Tu mesmo. Tu não estás apagado. Não te sendo dado, o Duplo e seu Canal não pode aparecer-te. O sacrifício do Si, ou o Abandono do Si (Crucificação e Ressurreição, se vocês preferirem esta terminologia) não pode se realizar enquanto existe uma veleidade, da pessoa ou do Si. O Canal Mariano está presente em todo ser humano. Sua conscientização, se assim posso dizer, é possível apenas no momento em que a consciência não está mais focada no eu ou no Si.
O
único obstáculo és tu mesmo, dentro do que tu acreditas ser, antes do que tu És. Da mesma forma, que lhes foram explicitados
alguns dos mecanismos da Onda da Vida, é o mesmo para o Canal Mariano. A aparição
da Onda da Vida, a implantação de Onda da Vida, não tem o que fazer do eu, não
tem o que fazer do Si. Não há,
precisamente, quando o eu e o Si apagam-se, que o Canal Mariano é constituído.
Isso
quer dizer que vocês precisam desaparecer como pessoa, desaparecer como um
indivíduo, tornarem-se Transparentes, no todo: e nada parar, nada reter, nada
restringir, e não manifestar nenhuma vontade, são as condições indispensáveis
para o surgimento consciente, na consciência, do Canal Mariano. Foi dito que, no momento oportuno, o
Canal Mariano estaria presente sobre o conjunto da Terra. O fato de que ele não esteja presente
agora, além do que eu já expliquei, é tão significativo para vocês quanto o
fato de entender que o seu tempo ainda não chegou. Mesmo se o tempo da Terra é chegado, e
terminado, vocês não estão todos, eu diria, sincronizados e sintonizados sobre o
mesmo tempo.
Não
sintam nem culpabilidade, nem despeito, nem impaciência, nem espera, porque
esta é a melhor maneira de retardar isso. Quando
nós lhes dizemos para nada fazer e deixar fazer, é a estrita Verdade, em
relação ao Absoluto (não em relação ao Si nem ao eu).
O
Absoluto (e esta linguagem é metafórica) não ocorre, então que ele já esteja aí,
apenas desde o instante em que todo jogo de consciência, cessa. Desde que haja a menor vontade, existe
uma forma de tensão, não satisfatória, para um objetivo. O Absoluto não é um objetivo: ele já está
aí. É apenas seu olhar que
precisa mudar. Mas essa mudança
não é um trabalho, nem uma ascese, nem nada: é um movimento do observador, que
desaparece.
Como vocês
querem que o observador desapareça se vocês observam permanentemente? As premissas são, antes de tudo: a Dissolução
e a Multilocalização, e a Fusão com o Duplo. Além
disso, quem não tem, não mais, que ser procurado (a Comunhão pode ser
procurada, a Fusão poderá ser procurada), a Dissolução se estabelece de si
mesma.
Pesquisá-la,
fixa-a e a impede. Porque a Dissolução,
como a Onda da Vida, nascerão, de maneira perceptível, apenas quando vocês estiverem
prontos. Mas para estar pronto,
não há nada a fazer, precisamente. Tornem-se
novamente como uma Criança: Simples, Humilde e Transparente, e Espontânea. Estes Quatro elementos, ou Quatro Pilares,
que lhes foram dados, são a chave (nota: as intervenções nas quais esses 4
Pilares foram apresentados estão indicadas em "Os 4 Pilares do
Coração" - rubrica "Protocolos a praticar" de nosso site).
Como
vocês querem ser Espontâneos quando vocês pesquisam alguma coisa? Como vocês querem ser Transparentes, visto
que vocês não estão apagados? Quando
vocês interceptam um pensamento, quando vocês interceptam um desejo, quando
vocês interceptam uma observação exterior, vocês se afastam. Do mesmo modo que o conhecimento afasta
do Absoluto, nenhum conhecimento de todos os mistérios do Universo os tornará Livres:
ele os escravizará.
Mas
se a sua sede de experiências é tal, então, vivam suas experiências, não se ocupem
do Absoluto. Mais uma vez, a
pesquisa não é uma busca. O conhecimento,
tal como vocês o aplicam neste mundo encarnado, é ignorância. Se vocês se libertam disso, o Absoluto
está aí. Não há alternativa, não
há possibilidade. Vocês não podem
aplicar os princípios do Si, ao Absoluto. Justamente, é exatamente o oposto.
Pergunta: o Absoluto é um estado que o mental não pode
compreender, e eu giro em círculos. Quais
são os obstáculos que me impedem de estar em estado de Absoluto?
Teu mental. Tu tens a resposta no próprio enunciado da tua questão. O que gira em círculos, se não é o mental? Tu enuncias a resposta, e pões a pergunta após. Se tu apreendes isso, tu não podes ver senão o teu próprio mental, que gira em círculos. Tu, tu não podes girar em círculo, uma vez que tu estás no centro, e tu És Absoluto. O que gira, é o mental, com uma força centrífuga. E quanto mais tu giras, mais tu te afastas. Basta parar de andar em círculos, para permanecer imóvel e tranquilo.
Visto
que há questionamento, há um erro. E
eu responderia como antes, o único obstáculo és tu mesmo, remetendo-te por aí
mesmo aos quatro fundamentais, ou Quatro Pilares, nomeados: Humildade, Simplicidade,
Transparência, Espontaneidade, (nota: ou Infância). Se tu aplicas isto, tu não podes girar
em círculos. O que gira em
círculos é o eu, antes de tudo, e o Si, em certa medida, embora mais perto do
centro. Porque tu buscas o
Absoluto: tu não podes pegá-lo, ele já está aí.
Eu
não estou te pedindo para compreender, nem para analisar, porque no momento em
que tu apreenderes, tu verás minhas palavras como uma evidência, mas daí onde tu
estás, tu não podes compreendê-las. É
preciso aceitar mudar de lugar, de ponto de vista, de olhar, sem fazer-se
nenhuma pergunta. As perguntas
dizem respeito a refutação, a investigação.
Mas eu
te repito que a resposta é precedente à questão que tu levantaste, e tu a deste
tu mesmo. O Absoluto, o centro, o
Último, são revelados desde o instante em que todo o resto, sem exceção, é solto. O próprio fato de andar em círculos
mostra que tu não soltaste, porque tu giras. Tu
não estás imóvel, tu não estás sequer no lugar do observador, tu estás ainda interpretando
a cena do teatro. Posiciona-te,
reposiciona-te, não gires mais. Tudo
está aí e sempre esteve aí.
Pergunta: Eu vivo neste momento um paradoxo com a sensação de
não estar nem aqui nem em outro lugar, mas de estar em nenhuma parte. De fato, eu
não sei onde se situa a Consciência. O que
está acontecendo?
Precisamente, nada acontece, e está muito bem e não é um paradoxo: é uma evidência. Se a Consciência não está aqui, não está em outra parte é porque ela não está em nenhuma parte. Não estando em nenhuma parte, ela está às vezes em toda parte e ausente. Que melhor aproximação pode existir do Último? Resta apenas ultrapassar, aí também, o testemunho disso.
É
precisamente no momento em que a Consciência não está mais localizada neste corpo,
neste Si, que a Consciência parece dissolver-se, não estar nem aqui nem em
outro lugar, em nenhum lugar e em qualquer lugar, que o Absoluto está aí. Novamente,
isto não é um paradoxo é uma evidência. Tu
reconheces assim, por ti mesmo, a tua ignorância quanto à própria localização
da tua Consciência. Não é a
opacidade é a Transparência. A Consciência
não se apoia mais sobre um corpo, ela não se apoia em outro espaço, outro
tempo, e no entanto pode-se dizer que ela está deslocalizada. Esta acompanha ou precede ou segue, a Dissolução.
Não sejas
perturbado por tua própria Transparência. Tu
deves aperceber-te que, nesse estado de não consciência ou de consciência deslocalizada,
tu não podes mais apreciar uma densidade. Tu
estás então em leveza. O que tu
chamas de paradoxo é senão um desconforto que ainda não está estabelecido, de
maneira firme. Eu te convido então,
mais uma vez, a descansar. Deixe fazer
o que se vive. Isto é, de alguma
forma, o início da deslocalização e da multilocalização. Resta apenas, não refutar isso, mas aceitá-lo,
no todo, sem investir-te nisso, sem apegar-te a isso. Como tu o constatas, não o explica,
mas vive-o. Abandonar o Si, é doar-se
a isso. Se tu te doas a isso, então o Absoluto está aí. Isto te dás uma aproximação do que eu
chamei o Absoluto sem forma, mas como tua forma ainda está aí, o paradoxo está aí. Mas, o que te parece paradoxo, no que
eu acabo de enunciar, vai se tornar, ele também, evidência.
Pergunta: Poderia desenvolver sobre: viver
a permanência do instante presente?
O instante presente participa do Si. Viver a permanência do Instante Presente é estar instalado no Si, no espelhamento espiritual da sua própria Luz projetada na tela da Consciência. Viver a permanência do instante presente é desfrutar do Si, desfrutar dos Samadhis, mas isto não é Absoluto.
Muitos
Irmãos e Irmãs se comprazem nele, e é perfeito, porque nunca se necessita
julgar qualquer diligência que seja. Mas viver isso não levará jamais ao Absoluto
e ainda menos na Liberação. É realizado
um estado, e em outros lugares isso se chama o Despertar ou a Realização. E depois, o que há depois? Uma vez que o saco de comida se foi,
uma vez que o saco de pensamentos não existe mais? O que resta para viver a permanência do
momento presente? Nada mesmo.
Portanto,
é ilusório e efêmero, mesmo que seja gratificante para o ego, para o bem-estar.
Viver a permanência do instante presente é aceitar o efêmero. Um efêmero mais belo, mais bonito do
que o efêmero do eu, mas isto continua um efêmero, mesmo permanente. Qual é esta permanência? Ela está inscrita entre o nascimento e
a morte, para o mais amplo. Mas
antes, mas depois, onde está a permanência? Onde
está o instante presente? Percebes
que há, por trás dessa expressão, a satisfação de um ego espiritual e um impedimento
de ir além. Esta imobilidade não é o centro, esta permanência não é permanente,
uma vez que ela é limitada pelo nascimento e morte. O que tu És, não é limitado, nem pelo
nascimento nem pela morte.
É
muito difícil para quem vive a permanência do instante presente, Liberar-se disso. É este espelhamento do Si, este espelhamento
da Luz, que foi chamado a ilusão e conduz a todos os excessos, a todos os
confinamentos. É permanecer espectador de um estado, observador de um estado. É desfrutar do efêmero, tomando-o por
Eterno, mesmo se isso é muito satisfatório. O
"eu sou", afirmação da Presença, é senão um golpe, embora indispensável
para muitos. Realizar o "eu
sou" não é estar Liberado, mas estar ainda mais confinado.Mas fiquem à
vontade para afirmar o "eu sou" e parar por aí, porque para muitos
esta é uma meta e uma aspiração, uma finalidade, um conjunto que está num
subconjunto e que é considerado como um conjunto, no entanto. Este não é o centro, mesmo se a
cintilação e o espelhamento da Luz podem preencher. O objetivo não é ser preenchido. A finalidade (se é que eu posso usar
essa palavra) não é ser preenchido, uma vez que a perfeição já está aí, desde sempre:
é isso que tu És. Instalar-se Aqui e Agora, no instante presente, realiza o Si,
o estado de espelhamento em que a Luz é vista. Mas se a Luz é vista, ainda é porque
ela é projetada. O Absoluto não é
isso. Mas vocês devem aceitar,
como eu o aceito sem qualquer problemática, que para muitos, isto é um objetivo
e uma finalidade.
Mensagem do Venerável BIDI no site francês:
http://www.autresdimensions.com/article.php?produit=1471
03 de junho de 2012
(Publicado em 04 de junho de 2012)
Tradução para o português: Zulma Peixinho e Josiane Oliveira
http://minhamestria.blogspot.com/
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