Pergunta: quando uma questão surge, acontece-me
de esquecer o instante seguinte ou então de dizer-me que isso não é
importante. Isso flutua, por vezes, de ficar o cérebro vazio e de não mais
ter vontade, mesmo, de procurar compreender. Seriam estas as premissas de um
Abandono total antes do Basculamento?
O fato de ver a inutilidade de seus
próprios questionamentos são as premissas do Abandono do Si.
E assim, efetivamente, o que é vivido
é um Basculamento.
É o momento em que todas as questões
que possam surgir em sua consciência, em seus pensamentos, é-lhe permitido
vê-las como não mudando estritamente nada do que você É.
O fato de que estas questões desaparecem
ou que às vezes você se diz "por que se preocupar?“, é o suficiente para
afastar os pensamentos, tornando-os ineficazes no seu Eu Sou.
E este é, de fato, o Basculamento,
não para o Absoluto (o que é impossível), mas sim o último Basculamento do Eu
Sou à Infinita Presença.
Este é o momento em que há, efetivamente,
dentro do que Eu, a aparição do "por que se preocupar?", que não é
uma renúncia, mas de recolocar questões em seu sentido primeiro.
Quer dizer um questionamento sobre
uma causalidade: causalidade que pertence, de maneira permanente, ao
efêmero.
No Absoluto, não pode existir a menor
questão.
A vida é vivida na Paz, na Alegria e,
sobretudo no Êxtase, onde toda questão que possa aflorar não interesse mais do
que a causalidade em si: "onde se encontra a chave da porta," e não
mais " onde é o meu caminho" e muito menos "onde está a Porta Interior”.
As questões permanecem no domínio da
causalidade imediata da vida deste saco de comida e deste saco mental, mas não
interferem mais, de qualquer forma, sobre a Consciência em si, sobre o Eu
Sou.
Só o "eu" pode estar implicado,
como uma ação ou uma atividade do mental, necessária, por exemplo, para
conduzir um veículo.
Mas as questões extinguem-se em si
mesmas sobre o sentido da vida, sobre o sentido da Presença ou da Ausência.
Isso traduz, efetivamente, o
basculamento do Eu Sou em sua última manifestação, chamada Infinita
Presença.
Há, portanto, seguramente, no próprio
mecanismo das perguntas que vocês fazem, uma orientação sobre a situação do seu
ponto de vista.
Se suas perguntas, destinadas à
causalidade, são exercidas numa causalidade espiritual, vocês estão muito longe
do Absoluto ou ele está, muito longe de vocês, a partir do seu distanciamento
de si mesmos.
Porque mantendo um questionamento
sobre o próprio sentido de sua vida, ou sobre questionamentos ditos espirituais,
vocês mantêm uma distância artificial entre o que vocês São, em Verdade, e o
que vocês manifestam.
Enquanto houver perguntas e
respostas, como nós o fazemos, não pode haver Absoluto: há aproximação ou distanciamento,
segundo o ponto de vista de que é o seu e que é o meu.
O Absoluto não conhece nenhuma
questão.
O Absoluto é evidência. Ele não se
mescla com o que nele contém, ou seja, o relativo.
Se vocês se questionam sobre o seu
passado, sobre as suas relações, sobre o seu futuro, sobre o amanhã, em uma
jornada espiritual, vocês trapaceiam a si mesmos.
Vocês não precisam de uma trapaça
exterior, vocês se divertem na ilusão.
Quando o Absoluto está aí, desvelado,
revelado, não pode haver questão.
Quando o Duplo toma vocês, o que pode
existir como questão aqui neste corpo?
A questão pode chegar depois da
experiência.
Se ela [a questão] acontece durante a
experiência, a Comunhão, a Dissolução, a Onda da Vida, tudo isso para.
É neste sentido que se diz a vocês
para ficar tranquilo, não fazer nada, nem mesmo observar nem ser a Testemunha.
Por contras, façam todas as perguntas
que vocês quiserem para comprar uma roupa, mas vocês não são a roupa.
Vocês não são nem mesmo o que está na
roupa.
O que vocês são não chama qualquer
pergunta, porque é uma evidência e que, desde o instante em que vocês o São, mais
nenhuma dúvida, mais nenhuma pergunta, pode nascer.
Vocês estão além do "eu",
além do Si, além da causalidade.
Vocês São a Graça. A Graça não
se interroga jamais a si mesma.
Enquanto vocês têm a impressão de
evoluir, de progredir, de aproximar-se ou de distanciarem-se, vocês permanecem
na causalidade, na ação / reação.
No Absoluto, há o que vocês São, por Essência
e por Natureza.
Todo o resto é supérfluo. O
questionamento sobre o espiritual não é mais do que uma trapaça.
Questionar não é refutar.
Quando vocês São Absolutos, vocês o
sabem, porque vocês o vivem.
Nenhuma interrogação pode nascer
sobre o que vocês São.
A interrogação já é uma tomada de
distância, a percepção de uma distância, de uma meta, de algo a encontrar, a
procurar, a explorar.
Isto é, quando todos esses jogos
cessaram, que o Absoluto É.
Pergunta: Cada vez mais, eu me sinto
como uma rolha sobre o mar sem uma bússola ou compasso.
Eu voltarei a uma frase que é chave, porque corresponde muito exatamente ao que você descreve.
Você disse ser uma rolha sobre o mar,
o que mostra, em evidência, que você deixe sua vida dirigir-se pela corrente da
vida.
Mas por que você põe uma distinção
entre a rolha e o mar?
Você não é a rolha: você é o mar que
contém a rolha.
Se você muda este ponto de vista e como
você compreende isso e o vive, o Absoluto está aí.
Há ainda uma tomada de distância.
Você se deixou levar pela vida, pela Onda
da Vida, mas você não é ainda a Vida, porque você considera que você é a rolha sobre
o mar.
É o mesmo exemplo do que eu tinha
chamado o teatro, o palco, e o espectador e aquele que aceita sair do teatro
para ver que o teatro não existe.
Da mesma forma, eu convido você a ser
o mar e não mais a rolha.
Em um dado momento, você verá que não
há nem mar, nem rolha, mas que você é o conjunto de tudo isso, no
entanto.
Isto corresponde, também, ao que eu
nomeei as camadas de cebola.
Renda-se conta de que, além do
observador da Fluidez nova que você vive, há algo por trás deste observador,
que nunca mudou que sempre esteve aí e que não coloca nenhuma distância,
nenhuma separação entre a rolha, o mar e o conjunto, que não existe.
Se houver, a este nível, o gatilho
que se faz, você vai mudar seu ponto de vista.
Você não será nem a rolha nem o mar.
Nesse momento você será Absoluto.
Eu convoco você então, além de
refutação que você realizou e da pesquisa, a desidentificar-se da rolha, mesmo
se esta rolha é leve e deixar a vida percorrê-la.
Deixar a vida percorrer você,
mostrar-lhe a vida mas você É a Vida e não o que é percorrido pela vida.
Aqui cessa toda projeção da Consciência,
em um "eu" em um Eu Sou ou mesmo em um observador.
É muito simples. Coloque-se onde
não há mais movimento, não no centro da rolha, não no centro do mar, mas no
centro de Tudo.
Este centro de Tudo é o centro em
cada ponto e não no centro.
Este centro aí é o centro real, o
qual não necessita de ser localizado, porque cada ponto dele é equidistante.
Se você apreende isso, então o
Absoluto está aí.
Não há necessidade de tempo. No
seu caso, não há necessidade de refutar, nem de questionar nem de
investigar.
Aceite. Então, o Absoluto está
aí.
Você não é nem o mar nem a rolha.
Você é o que suporta a rolha e o mar.
Aí reside o Absoluto.
Pergunta: o Absoluto ou Paz suprema, é o que é estar na
Simplicidade, Humildade, Transparência, na própria Essência do que nós Somos?
A partir do instante em que vocês são Humildes e Simples, a partir do instante em que vocês saem de todo papel, de toda função, não por pedir demissão mas colocando-se no justo ponto de vista, a partir do instante em que vocês não inter-reagem mais, por Transparência, então a Onda da Vida, o Absoluto podem Ser.
Porque, justamente, vocês não estão
mais na ação nem na reação.
Mas compreendam bem que isso não os
impede de agir.
É o ponto de vista que mudou.
Vocês aceitam que este saco de
comida, que esse saco mental, faça o que precisa ser feito.
Mas vocês não são o que faz.
A partir desse instante, o Absoluto
está aí.
Isto é, portanto, novamente, uma
mudança de posição, de olhar, de ponto de vista.
É tomar consciência, primeiramente,
que há um observador, que há a Vida e que isso se vive independentemente de
vocês.
Esta é a saída da implicação, é a
saída do ego, é a Transcendência do Si, é o basculamento na Infinita Presença
e, é enfim, deixar ser o Absoluto que vocês São.
A partir do momento em que vocês não inter-reagem
mais, em que vocês ficam tranquilos, em que vocês fazem o que este saco de
comida pede-lhes para fazer, o que este saco mental pede-lhes para fazer, vocês não estão mais ligados a eles.
Vocês contêm isso, mas vocês são
muito mais do que isso.
Vocês põem fim à separação, à
divisão, à ação / reação, vocês descobrem o Eu Sou, e o Eu Sou Um, a Infinita Presença
e aí, se vocês renunciam a tudo isso, nada de tudo isso desaparece, mas vocês
desaparecem da ilusão que consistia em crer que vocês eram isso.
Há portanto, uma desidentificação, uma
despersonalização, uma desindividualização, é claro, o mental vai chamar a
morte.
Mas vocês não são nem o que nasce, nem
o que morre.
Vocês são o que sempre esteve aí, o que
nunca mudou.
É a ilusão faz vocês pensarem que
vocês são uma pessoa, que vocês têm um projeto para levar, que vocês têm uma
vida para levar, que vocês têm responsabilidades.
E novamente, isso não significa que
devemos jogar fora o bebê, mas vê-lo pelo que ele é.
Quando esse ponto de vista mudou, efetivamente,
como já foi dito na pergunta anterior, a Fluidez está aí.
E além da Fluidez, vocês tomam consciência
de que vocês não são esta Consciência e vocês abandonam mesmo o que vocês
pegaram.
E aí vocês São Absolutos, com uma
forma.
O que quer que se torne esta forma, o
que quer que se torne este saco, vocês São Liberados Viventes.
Vocês não são mais afetados pelo que se
torne esse saco, vocês não são mais afetados pelo que se tornem as relações.
O medo não pode mais existir, ele não
pode mais conduzi-los e levá-los pela ponte do nariz, porque vocês veem claramente.
Vocês veem claramente porque vocês aceitam
em não mais ver-se: vocês se tornaram Transparentes, vocês se tornaram Humildes
e vocês se tornaram Simples.
Vocês fizeram o sacrifício de si
mesmos.
Aí está o Absoluto.
Algumas Estrelas expressaram e mostraram
a vocês por suas vidas.
Onde está a sua confiança?
Em seu "eu", no seu Eu Sou
ou fora deste Mundo?
Pela ação que vocês levam, pelas
ações e reações que vocês conduzem, vocês demonstram, por aí mesmo, aí onde vocês
estão: Absoluto ou não.
Enquanto o medo conduz vocês, enquanto
os seus ferimentos conduzem vocês, vocês se trapaceiam a si mesmos.
Não existe qualquer solução, neste Mundo,
que permita curar.
A única coisa que vocês têm para
curar é a sua crença em vocês mesmos.
A única coisa que vocês têm para se
livrar é o efêmero.
Pergunta: eu sou uma angustiada e
estressada perpétua. Mesmo o fato de não ter questão ou, pelo menos, não
poder formular uma, eu tenho um problema. No entanto, eu não sei o que
perguntar. Isso não significa que eu não tenha ainda apegos, mas quando eu
faço uma pergunta, isso me parece tão evidente, como se eu conhecesse a
resposta. Então, talvez como se eu não quisesse ver algo, entre aspas, e que,
no entanto faz-me constatar, que eu não vivo o Absoluto. Você poderia
apontar o dedo sobre a verdadeira questão?
Mas a verdadeira questão é o que você confessa no início: "eu sou estressada", "Eu sou angustiada".
Mas quem é angustiado,
estressado? Por que você se identifica com isso?
Há um prazer maligno em acreditar-se
estressada e angustiada.
Você é o estresse e a
ansiedade?
Qual é este prazer maligno em querer
servir as suas próprias resistências, as suas próprias ilusões.
O medo é um apego, a angústia,
também.
É muito fácil dizer que isso vem de
uma ferida, que foi vivida na infância, no passado, em uma vida passada, mas
nada de tudo isso existe.
Quando você diz: "eu sou
estressada, eu sou uma angustiada", você se condena a si mesma, porque
você adere a isso.
Uma manifestação acontece no saco de
comida, no saco mental e você é persuadida a ser isso.
Como você quer estar em Paz?
Enquanto você está identificada com
isso, como você diz, “eu estou doente", como você pode esperar estar na
saúde?
A melhor maneira de estar na saúde é
deixar este saco se desembrulhar sem intervir.
Enquanto você acredita que você se vai
ocupar disso, ele vai causar-lhe problemas, porque você concede peso ao que
você não é.
Você está identificada mesmo, não ao
Eu Sou, mas ao estresse e à angústia.
Isso não pode funcionar e isso não
funcionará jamais, enquanto você der peso a esse estresse, e a essa angústia, a
essa depressão ou a essa Alegria, mesmo, porque você não é nada do que se
passa.
O que permanecerá do estresse e da
angústia quando você estiver morta?
Explique-me.
O objetivo não é encontrar de onde isso
vem, o objetivo não é dizer: "Eu sou assim", porque isso é falso.
Você está abusivamente identificada a
isso e portanto, você abusa de si mesma.
O medo e o Amor, o medo ou o Amor.
Estresse e angústia é igual a
medo.
Mas se o estresse e a angústia estão ligados
ao amor, não é o Amor, é um apego.
Porque o Amor torna Livre.
Se o amor não te torna livre, isso
não é Amor, é uma projeção do amor, no sentido humano e, claro, isso gera o
quê?
O medo da falta, o estresse e a
angústia, o vazio, a dor, a perda.
Você é tudo isso? Renda-se conta:
isso não depende de suas crenças.
Porque você acredita ser o estresse,
você acredita ser suas angústias, você se acredita proprietária, quer eles a
incomodem ou não.
Você não é proprietária de
nada.
Nem do estresse, nem da angústia, nem
da Alegria, nem do Amor.
O estresse, a angústia, o medo, a
falta, o amor (no sentido humano), remetem você inelutavelmente à falta, ao
medo do vazio e à solidão.
Isto é, portanto, já considerar que
você está cortada, separada, dividida.
É dar peso ao efêmero. Contanto
que você aceite, contanto que você se identifique a um medo, a um estresse, a
uma angústia, a uma depressão, como você quer ser Livre?
Então você vai me responder (ação /
reação): "eu vou lutar contra."
De onde vem o meu estresse, de onde
vem a minha angústia?
E, claro, haverá sempre uma razão, em
sua história, em seu passado, em seu carma.
Mas quem está envolvido nisso?
O Eu, é claro, o ego.
Então o Eu Sou vai dar-lhe um
curativo.
Você vai viver momentos em que tudo
vai desaparecer, quando você medita, quando você está em Samadhi.
E isso passa de um ao outro e isso
não para.
E você acredita que a força de viver Samadhis,
momentos mais felizes, a infelicidade desaparecerá.
Mas nem infelicidade nem felicidade
podem resolver a equação.
Você está além de tudo isso.
Portanto, é preciso, aí também,
refutar.
É necessário colocar-se além.
Isso não significa não aceitar
ver.
Mas é uma coisa aceitar ver, sentir,
e é bem outra identificar-se.
Você dá corpo, você mesma, aos
sofrimentos do corpo.
Ou você dá corpo, você mesma, aos
sofrimentos do saco, do mental.
E, portanto, você se prende você
mesma.
Então é claro é sedutor encontrar uma
explicação.
Mas nenhuma explicação permitirá
superar isso, porque isso permanece no nível da ação / reação.
Pergunta: Por que eu caio no sono durante
a leitura de BIDI?
Esta é a melhor das coisas que possa acontecer a você.
Como eu o disse anteriormente, o que você
leu não é a mesma coisa que você ouviu.
Algumas das palavras que eu pronuncio
têm a faculdade (quando você as lê) de provocar, em você, um mecanismo que vai
curto-circuitar o mental.
O mecanismo de adormecimento, que
você vive, então, é uma aprendizagem, se assim posso dizer.
Mecanismos que permitirão a você, em
algum momento, Ser Absoluto.
O mecanismo de adormecimento, como já
foi dito, é de qualquer forma sobreponível ao Absoluto, na medida em que (quer
seja no Eu ou no Eu Sou), dá a você ver e a viver, do seu ponto de vista, o que
é o desparecimento da Consciência, quando o mundo desaparece, onde o Eu desaparece
e onde o Eu Sou desaparece.
Virá um momento em que este
desaparecimento do que é limitado e efêmero, vai traduzir-se, para você, pela
colocação de sua Consciência na não-Consciência, ou seja, o mecanismo que o
revela a si mesmo, no que você É, de toda a Eternidade, no que você É, no
Absoluto, além de toda projeção, de toda consciência, de toda lucidez e de todo
sentido de identificação, quer isso seja a uma pessoa ou a um indivíduo.
Assim é, se assim posso dizer, um
muito bom sinal.
Eu dizia também que, muitas vezes
quando eu me expresso, vocês estão na escuta, mas vocês não ouvem necessariamente.
Ou então vocês ouvem sem
escutar.
A meta não é nutrir o seu mental, mas
sim criar uma perturbação necessária e suficiente dando-lhes a ver ou a perceber
uma modificação em seu ponto de vista.
A percepção que vocês têm da minha
voz e da minha presença, traduz-se para vocês, por justamente o que faz
falta.
Alguns dentre vocês puderam dizer não
sentir Amor ou outra coisa.
O importante não é, nesse caso, senti-lo
mas sim a ação produzindo-se sobre algumas partes deste saco, visando diminuir
as resistências, reduzir a identificação com o Eu, a identificação com o Si,
dando-lhes aproximar-se desse indizível.
Pergunta: Como não ser perturbada
pelo contato com os outros que não estão na mesma energia?
O que você quer dizer com "mesma energia"? Eu ressituaria isso primeiro "na mesma Consciência."
Enquanto houver uma distância, enquanto
houver a percepção de que você é você e de que há um outro, há, muito
evidentemente, uma distância e uma separação.
Esta distância e esta separação vêm do
posicionamento dentro da personalidade (e mesmo dentro do Si), dando a viver uma
diferença, esta diferença podendo exprimir-se sob forma de dissonância.
Assim então, toda projeção da Consciência,
quer seja a partir do Eu, quer seja a partir do Si, vai se traduzir,
inevitavelmente por entrada em resistência, por dissonâncias que vêm, então
alterar, num primeiro momento, o próprio significado da sua identidade ou da sua
pessoa.
Através da repetição de experiências,
será dado a você viver a instalação da não separatividade, da não distanciação,
muito além da vontade do amor, muito além da comunicação, muito além da relação
e levando-os a preparar o que é vivido, uma vez as portas da morte cruzadas.
Ou seja, não mais uma comunicação,
não mais uma relação, mas sim o Amor, no seu sentido o mais transfigurado, o
mais autêntico, ou seja, onde não existe mais nenhuma barreira.
Retenha bem que não é a sua Consciência
do Si que é alterada, mas sim as dissonâncias existentes dentro de diferentes sacos
de comida, sacos de casacos, que se confrontam uns com os outros, cada um com
sua ilusão pessoal, cada um com a impressão de estar separado e distanciado.
Dentro desse mundo, vocês se comunicam
por palavras, por expressões, por subentendidos, por Vibrações, por emanações.
A sua emanação vem encontrar uma
outra emanação.
No Absoluto, isso não existe.
A transparência é total, permitindo deixar-se
atravessar pela informação, sem nada reter (desta emanação), sem nada alterar,
sem estar na dissonância.
O próprio princípio deste mundo, assim
como a sua ilusão é a sua Dualidade, é a dissonância.
A dissonância se mantém ela mesma,
por si só, o princípio da separação existente sobre o que cai sob os sentidos, quer
sejam os olhos, quer seja a própria Consciência.
Tudo isso pertence ao
efêmero. No que é chamado de as outras Dimensões, como no Absoluto, este
princípio de separação e de resistência, chamado dissonância, não pode ser manifestado,
nem mesmo conceitualizado.
O confinamento criou o seu próprio
sofrimento.
O fato de estar isolado, de não sair deste
saco de comida, deste saco de pensamentos, dará a vocês, infalivelmente, a
encontrar mecanismos de dissonância.
No máximo, instalando-se no Si, na
Unidade e no "Eu sou Um", vocês vão limitar os fenômenos de
dissonância e vocês irão poder manifestar a lei da Graça, manifestar o que vocês
nomearam a Fluidez da Unidade, permitindo-lhes aproximar-se da Alegria, de
viver a Alegria.
Mas vocês todos têm vivenciado que as
contrariedades deste mundo, um dia ou outro (exceto se vocês ficam em Samadhi permanente),
vão encontrá-los.
Este princípio de dissonância está
inscrito no princípio da personalidade, no princípio de separação, no princípio
de isolamento, que vocês vivem.
Vocês não podem escapar disso.
Apenas aquele instalado no quarto
estado da Consciência, nomeado Turiya, no Si, na Infinita Presença, chega a manifestar
um sentimento de permanência dentro da não-resistência e da não-dissonância, interior
como exterior, visto que a distância, interior como exterior, não existe
mais.
No entanto, isso não se instala na duração,
porque vocês estão inscritos, neste corpo, em um princípio efêmero.
O efêmero tem por função manter o
efêmero.
A dissonância (ou a resistência) fazem
parte da constituição própria deste corpo, deste saco de comida, como deste
saco mental.
Vocês não podem escapar disso visto
que o seu ponto de vista permanece aquele deste corpo e deste mental.
É apenas sendo Absoluto, Revelado, Desvelado
(seja qual for o nome que vocês deem a ele), que vocês podem sentir a
resistência, a dissonância, Interior como exterior, sem ser afetado por isso,
porque naquele momento vocês sabem que vocês não são nem este saco de comida, nem
este saco mental, nem nada do que existe no seio deste mundo.
Assim, as leis que vocês vivem (e que nós vivíamos quando nós éramos encarnamos) não são absolutamente superponíveis sobre o que acontece nas outras Dimensões e ainda menos no Absoluto, especialmente se este Absoluto se torna sem forma.
O princípio de separação é, muito exatamente,
o que permite à Consciência, aparecer.
Consciência dividindo-se, como vocês o
sabem, em subconsciente, consciente, supra consciente.
Mas o que gerou a Consciência? Perguntem
a si mesmos.
De onde vem a Consciência? Não de
onde vem a personalidade, não de onde vem a alma, não de onde vem o Espírito,
mas de onde vem a Consciência?
A Consciência é uma projeção de algo
que não estava consciente e que no entanto, é o Todo.
Este é o Absoluto. Qualquer
mecanismo de projeção não deve ser visualizado unicamente como uma exteriorização,
mas também como uma interiorização, isto é, à noção de um movimento.
O Absoluto é o centro, presente em todo
ponto. Ele é, portanto, não-movimento, não-ação, o não-ser.
Isto é o que vocês São, isso é o que
nós somos todos.
Aquele "todos" que, aliás,
não existe.
O princípio de separação é a
experiência da Consciência, seja qual for o nível, a partir do nível mais denso
até Turiya.
Assim, vocês não podem escapar às
leis do efêmero: este corpo aparece, este corpo desaparecerá.
Este mental aparece, este mental desaparecerá.
E vocês, onde estão vocês? Nem
este corpo, nem este mental, nem qualquer das projeções da Consciência, que são
apenas experiências efêmeras.
Da mesma forma, passando de Dimensão
em Dimensão, nos mundos ditos Unificados, permanece uma conexão com A Fonte e,
especialmente, com o Absoluto. Este é o Absoluto que subjaz as Dimensões, este
é o Absoluto que permite a Consciência.
Mas a Consciência não é o
Absoluto.
Ela é parte integrante dele.
Ele está contida dentro do Absoluto,
é o seu suporte, ela é a sua manifestação, Interior como exterior, dividida ou não
dividida.
Naturalmente, os mecanismos de
dissonância e de resistência, tais como você os exprime, estão ausentes nos
Mundos ditos Unificados, por causa da Transparência, Transparência, do saco,
mesmo se este saco não tem nada a ver com a sua aparência lábil dentro deste
mundo.
Todo saco é mutável. Seu saco,
aqui muda a cada dia, mas aparece entre o que é chamado o nascimento e a
morte.
Nos Mundos Unificadas, o saco é
mutável, nenhuma forma é fixa: o que explica a Transparência, a mutabilidade, a
continuidade e, portanto, a conexão com A Fonte, assim como o contido dentro do
Absoluto.
Assim, portanto, nenhuma dissonância pode
realmente desaparecer.
Vocês conhecem todas, em suas
histórias, em suas vidas sobre este mundo, o desenrolar de todas as histórias,
o desenrolar de todas as sociedades, de toda célula de tudo o que é vivente, de
todos os sistemas, de todos os conceitos.
Há aparição, há o crescimento, há o
ápice, há um declínio, e depois há o desaparecimento ou morte.
Isto é válido para uma célula, isso é
válido para tudo o que existe, o que lhes é dado a ver, a viver, a perceber dentro
deste mundo.
O que não existe, muito evidentemente,
absolutamente não no centro das Dimensões Unificadas, como no Absoluto, com ou
sem forma.
Vocês não podem opor-se à dissonância.
Porque se opondo à dissonância, vocês
mantêm as ligações, vocês mantêm o confinamento, vocês mantêm a ilusão.
A única maneira de sair da ilusão não
é negar a vida, mas sim colocar-se em outro lugar, mudar o ponto de vista, refutar
o que é efêmero, a fim de viver neste saco, o Absoluto com uma forma.
É apenas naquele momento que as
dissonâncias, reais, podendo alterar o que vocês são, não podem durar, nem afetar,
em longo prazo, mesmo efêmero, o que vocês São no Absoluto.
As consequências não são as mesmas segundo
o que vocês estabeleceram no "eu",
segundo o que vocês estabeleceram no Si, segundo o que vocês vivem na Infinita
Presença, e segundo o que vocês São Absolutos.
A intensidade da dissonância pode ser
vivida, também, sendo Absoluto.
Mas é extremamente fácil sair desta
dissonância, para aquele que efetuou as Passagens do "eu" ao Si, e do
Si ao Absoluto, desde que o Absoluto tenha sido revelado.
Vocês não podem lutar, porque ajustar a sua consciência à lutar reforça a oposição, reforça o efêmero, e reforça a ilusão.
Nenhuma melhoria, no seio deste mundo
pode trazer-lhes a Verdade, a Liberação.
Só que, em última instância, a
própria Consciência, desembaraçando-se dela mesma, isto é, do observador é
capaz de estabelecer o Absoluto.
Os obstáculos são numerosos.
O primeiro dos obstáculos não é a
dissonância, o primeiro dos obstáculos é buscar, então vocês não têm nada a procurar:
enquanto vocês procuram, vocês se afastam.
Enquanto vocês gastam o seu tempo
procurando o que vocês não têm, vocês criam dissonâncias, vocês se afastam.
Se vocês se contentam com o que
sempre esteve aí, que é dizer vocês, além do "eu", além do Si, nenhuma
dissonância pode alterá-los, nenhum sofrimento pode fazê-los sofrer.
O que sofre é o efêmero. Vocês
sabem muito bem que quando há uma perda, exprime-se o sofrimento.
Quer isso seja pela morte, a perda de
um ente querido, o desaparecimento de um ente querido, de uma situação, modificações
de lugar, isso tem por nome o medo.
Porque o medo é dissonância e
resistência.
E o medo os inscreverá sempre no
"eu", e ele ainda está presente no Si, desde que vocês saem dele.
Apenas, o Absoluto revela o que vocês
São, definitivamente, da coisa de que vocês estão revestidos, no seio deste
mundo, que é chamado de medo.
Enquanto vocês têm medo, por vocês, por este corpo, por sua vida, por um evento, por uma pessoa, vocês não são Livres.
A Liberdade é a Dissolução do
medo.
A Liberdade é a ausência de
resistência.
Não pode existir prática, em um
sentido espiritual, o que possa, definitivamente, fazê-los desparecer do
medo.
O desaparecimento do medo está ligado
ao seu próprio desaparecimento, como uma pessoa, como indivíduo, como um
modelo, como um conceito, como uma percepção, como percebido.
Porque todos esses elementos são
apenas projeções e, toda projeção é a dissonância, na sua essência.
O que está em jogo é o ponto de
vista, não é Vida.
A Vida, aqui como em outros lugares,
é perfeita.
Se vocês aceitam isso, não como uma
crença, mas colocando os fundamentos, da mesma forma que isso foi o caso para a
refutação e para a investigação, vocês viverão, seguramente, o fim da
dissonância.
A questão se resume apenas nisto:
vocês querem ser Livres?
Mas não podem pretender ser Livres e estar
confinados, em qualquer lugar, nem mesmo no Si.
A Liberdade é a ausência de
dissonância, a ausência de resistência, e o estado de Transparência, que se apoia
sobre a Humildade, e a Simplicidade.
Algumas das Estrelas disseram-lhes
para não ser nada neste mundo.
Se vocês não são nada, vocês São tudo.
Claro que isso não pode ser aceito,
nem pela personalidade, nem por aquele que se observa no Si.
Enquanto vocês observam alguma coisa,
vocês não estão Livres.
Claro, existem estados, que vocês nomeiam
Vibratórios, que são capazes de resolver, de modo temporário, as dissonâncias: pela
empatia, pela compaixão, pelo amor, pela tolerância.
Mas estas são virtudes morais, estas
são virtudes, às vezes, espirituais, mas não é Absoluto.
Apenas o Absoluto rompe definitivamente
o feitiço de Ilusão, da adesão a uma crença, da adesão a uma vida, da adesão a
um mundo, qualquer que ele seja.
Isso não priva vocês deste mundo, enquanto
o saco de comida está presente, muito pelo contrário.
Porque é apenas naquele momento,
percorridos pela Onda da Vida, que vocês vivem a verdadeira Vida. O que
vocês chamam de vida, tanto no eu como no Si, é apenas a expressão de
resistências.
O orgulho espiritual é isso. Aceitem
desaparecer, aceitem em ser o menor, e vocês serão o Todo. "Enquanto vocês
não forem rebaixados, vocês não serão Elevados", eu repito, palavra por
palavra, o que foi expresso pelo CRISTO.
Ele fez nada mais do que viver em sua
totalidade, o caminho da Liberação.
Em todas as civilizações, em todos os
países, vocês tiveram seres que foram libertados de todos os condicionamentos,
mesmo sendo, inicialmente, seguidores de um guru, de uma religião, de um
conceito, de uma filosofia.
A partir do momento em que vocês se
desvencilham de qualquer referência, de qualquer crença, de qualquer ilusão naquele
momento, vocês São uma Liberado Vivente.
Vocês não precisam vir de uma tal cultura,
ou tal religião.
Vocês precisam justamente Liberar-se
disso.
É preciso ousar ser Livre. Não
há Liberação enquanto persiste o ilusório de seu ponto de vista.
Isto significa dizer que, enquanto
vocês permanecem na ação, e na boa ação, vocês mantêm a reação.
Ficar tranquilo, não é nada fazer, mas deixar que se faça.
Ficar tranquilo, não é nada fazer, mas deixar que se faça.
Não é querer Ser, mas deixar Ser. O
que vocês têm que viver depende da sua capacidade de considerar a sua Liberdade,
a sua Liberação, ou não.
Dissemos a vocês (e especialmente os Anciãos
mais do que eu), os aspectos de Vibração, visto que a Consciência é Vibração.
Mas não conseguem perceber o que São,
na Verdade.
Porque vocês São o conjunto das Vibrações.
A única coisa que vocês podem ver é a
vocês mesmos.
É somente quando as projeções exteriores
da consciência, ou Interiores, da consciência (seja qual for o ponto de vista, efêmero
e limitado, do "eu" ou do Si), desaparecem, que o Absoluto é revelado.
Como sua Essência, sua natureza, sua perenidade,
o que nunca mudou, o que nunca nasceu, o que nunca desaparece.
Quando vocês dizem: "eu
morro", quem morre? O que resta sempre, o que mantém a ilusão, é o
medo.
O que foi nomeado, creio eu, os apegos
da personalidade a ela mesma (nota: ver a rubrica "protocolos a praticar").
Não há nada para desconstruir em
definitivo.
Não há nada a procurar.
Não há nada a Ser: refutar tudo isso,
e o Absoluto está aí.
É instantâneo, não há tempo.
Se vocês consideram um tempo, vocês
se afastam do que sempre esteve aí.
A Paz Suprema, a Morada da Paz
Suprema, é, precisamente, o que chega à consciência que aceitou desaparecer.
Inúmeras Estrelas expressaram a
vocês, através de seu caminho pessoal, através de sua história e de sua
experiência.
Mensagem do Venerável BIDI, segunda parte, do dia 13 de julho de 2012,
publicada pelo site francês AUTRES DIMENSIONS
Tradução para o português: Josiane Oliveira.
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